quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Memória e Distracção

Evert Oudendyck, Um erudito (séc. XVII, Palácio Nacional da Ajuda - Link)
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«(...) O discernimento ajuda a memória, classificando o materiais que esta reuniu, de tal maneira que numa memória bem ordenada, cada ideia surge sempre acompanhada de todas as suas consequências. Mas é verdade que a memória, tal como o discernimento, só pode ser aplicada com êxito a um determinado número de ideias. Por exemplo, recordo, quando necessário, tudo aquilo que alguma vez aprendi acerca das ciências exactas, da história dos homens e acerca da Natureza; por outro lado, acontece-me esquecer o meu relacionamento momentâneo com os objectos que me rodeiam. Ou seja, não vejo aquilo que está diante dos meus olhos e não ouço aquilo que me gritam aos ouvidos, o que me confere por vezes um ar de distracção.»
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Jan Potocki, Manuscrito encontrado em Saragoça, Vol. I, Lisboa, Editora Cavalo de Ferro, 2004, p. 290.

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